Aqui apresento alguns insights sobre as Leituras: “Cidade para as pessoas” Jan Gehl; “Morte e Vida nas grandes cidades” Jane Jacobs e Cidades para um pequeno planeta” Richard Rogers pois, embora as leituras não sejam atuais os temas e os problemas infelizmente ainda são e o que me chamou a atenção foi a questão da escala. Podemos identificar o mesmo tema, preocupações e foco porém, em escala diferentes: a primeira humana, sensorial e a outra mundial, para estados, países, mundo.
Os dois primeiros autores, Jan Gehl e Jane Jacobs, em seus textos falam muito sobre a importância do resgate da escala humana nos projetos urbanos modernos. Essa escala humana seria onde experimentamos a vida através dos sentidos, movimento, e das conexões possíveis através da dimensão correta do espaço urbano em uma cidade viva. Trazem o olhar atendo para a escala fragmentada e como a confusão do conceito de escala está empobrecendo os espaços urbanos hoje pensados para automóveis e grandes empreendimentos.
Ambos abordam o pedestrianismo como solução para as calçadas e áreas públicas: o tipo de relação da cidade possível apenas no movimento de uma pessoa que caminha, corre ou anda de bike na velocidade entre 5 e 15 km/h. É nesta escala que há percepção dos detalhes da vida que acontece no plano da rua e de fato relação com as outras pessoas e com o entorno, pois, esta mesma pessoa na velocidade de 60km/h perceberia o espaço de forma impessoal onde a experiência se perde e se torna desinteressante e cansativa. Sendo assim a vida aconteceria a pé, na visão dos autores, e os fatores que influenciam a qualidade do caminhar como o cuidado com as ruas, calçadas e diversidade de entretenimento para quem caminha, deveriam ser prioridade.
Os autores afirmam ainda que os prédios muito altos e grandes construções habitacionais, comerciais e industriais desproporcionais causariam alienação e desconexão humana com a cidade. O modelo urbano pensado para carros, na centralização de usos distintos e grandes escalas empobreceram e muito a qualidade de vida e geraram grandes problemas sociais, ambientais e econômicos.
E neste ponto o autor Richard Rogers traz o mesmo olhar, porém numa escala ampliada. Ainda com foco na experiência e qualidade de vida, mas abrangendo um novo modelo para cidades e mundo. A cidade compacta e autossustentável, em seu ponto de vista, seria a solução para as problemáticas resultantes do atual modelo de cidades divididas em zonas por funções.
A cidade compacta precisaria ser densa e socialmente diversificada onde as atividades econômicas e sociais se sobrepusessem e as comunidades fossem concentradas em torno das unidades de vizinhança com edifícios de uso misto (escritórios, consultórios, residências, lojas) que dariam vitalidade às ruas reduzindo a necessidade do uso de carro, focando nas distâncias para caminhar ou andar de bike, controlando assim o funcionamento de forma mais organizada, a expansão da cidade em núcleos e possibilitando um maior cuidado com o meio ambiente e áreas rurais.
Um dos maiores obstáculos que ele cita seria a dificuldade no gerenciamento da propriedade de uso misto e a difícil comercialização para os investidores públicos ou privados.
Fica para nós a certeza de que é possível sim transformar as cidades de forma sustentável, pois existem modelos e fórmulas de novas dinâmicas idealizadas para um novo modelo de cidades autossustentáveis, mais humanas, vivas e focadas na experiência das pessoas muito mais do que nos investimentos e especulação imobiliários e de grandes empresas.
Vivian Ignácio